O momento é de reaprender e ensinar. Vivemos, nestes últimos dias, um processo de luta que não é novo. Talvez, a novidade seja a retomada da consciência de nossa condição de trabalhador, profissional da área de educação e professor. Cientes, já estávamos, da nossa superexploração desde o primeiro atraso do FGTS; sentimos, nas férias do ano passado, nossos projetos de viagem, quitação de dívidas e possíveis investimentos serem aviltados, de forma violenta, pela mantenedora; nutridos de uma confiança ingênua, ainda deixamos aniversariar a folha complementar de fevereiro de 2009. Não satisfeito, nosso patrão nos surpreende com a impossibilidade do pagamento do salário do mês de abril. Isso tudo posto, nossas ações já estariam justificadas, mas, acredito que a falta de respeito e o desprezo pela condição mais elementar da subsistência do trabalhador, são as posturas mais revoltantes. Como em “Conversa com o lixeiro”, poema de Drummond, onde se ouve a voz etérea e debochada do patrão a dizer: "Vamos, aperte mais o cinto, se o tiver (barbante mesmo serve)". Neste instante, outras vozes ecoaram, do passado e do presente, lembrando nossa condição de professores e trabalhadores, que vivem da educação e, não há dúvida, o fazem com dignidade. Ouvimos as vozes dos nossos antigos professores de escolas públicas e privadas em suas lutas por melhores condições de vida e trabalho. Ouvimos vozes das aulas de teóricas sobre o entendimento do nosso ofício e da sua função social. Ouvimos muitas vozes que, em mobilização, garantem seus direitos. Todas elas calaram a voz fantasmagórica do patrão. São vozes vivas e reais, que fizeram e fazem parte da nossa história pessoal e de classe. Foi ouvindo tudo isso que resolvemos calar novamente a voz do mando e deixarmos como ensinamento, para nossos alunos, o que nos foi ensinado pelos nossos antigos professores: lutar pelo nosso trabalho e nossa condição humana. Façamos coro, silenciemos a voz da exploração com o canto à dignidade.
Venham todos reaprender e ensinar a lutar!
Comando de Greve
E estamos reaprendendo mesmo. Pude sentir isto na reunião que fizemos(5ºA de pedagogia)hoje para nos organizar diante da situação e para o ato coletivo de quinta-feira.
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