domingo, 23 de maio de 2010

Em Tempos de Greve

Em tempos de greve, tudo parece confuso, política e sentimentalmente. Trabalhador não trabalhando, patrão que manda não sabendo mandar. Não sabemos exatamente o que fazer, pois fomos treinados para o trabalho; quando não estamos produzindo, ficamos sem chão. Chegamos a querer entender os companheiros que preferem trabalhar em tempos de greve, mas o caráter abjeto da fraqueza e da vacilação são abomináveis. Pois, como canta Fagner, nossa vida “é trabalho / E sem o seu trabalho / Um homem não tem honra / E sem a sua honra / Se morre, se mata / Não dá pra ser feliz / Não dá pra ser feliz”. Em entrevista recente, o próprio Reitor da Unicastelo, Gilberto Selber, mostrou-se compreensivo com os professores que denunciavam o atraso dos salários em Fernandópolis, que estes o faziam com “razão, porque quem trabalha e não recebe o salário não pode ficar feliz da vida”. É importante ressaltar que não há felicidade na exploração, na submissão. O trabalho é criação, é intervenção na realidade, é reconhecimento do homem na coisa produzida, é garantia de libertação do natural opressivo; mas trabalho somente é vida plena quando garante vida verdadeiramente humana também a quem trabalha.

Em tempos de greve, não há trabalho. Há reflexão, mobilização, confraternização, solidariedade entre os pares. Em tempos de greve, não há resignação, benevolência com o patrão, confiança nas suas palavras. Em tempos de greve, há negociação, assembléias e participação. Em tempos de greve, não há covardia, nem dedicação às coisas do patrão, nem horas vendidas e não pagas. Em tempos de greve, não há individualismo. Há um coletivo, uma unidade, uma só luta. Em tempos de greve, há clareza sobre pelo que lutamos: Lutamos por nossa dignidade e o direito de ainda querer ser Feliz.

Em tempos de greve não há trabalho, há LUTA!

5 comentários:

  1. A greve é o recurso que resta ao trabalhador quando o patrão insiste em tirar-lhe o pão. O trabalhador deve recuar somente após uma solução definitiva. Qualquer recuo antes de solucionar os problemas existentes fortalecerá o patrão que se sentirá confortável.

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  2. Quando um problema nos é apresentado de uma forma tal que saímos sempre a perder seja qual for a nossa escolha, o melhor é mudar a forma como o problema é formulado.

    opiniao | 22 Maio, 2010 - 11:50 | Por Ricardo Coelho in
    http://www.esquerda.net/opiniao/tr%C3%AAs-est%C3%B3rias-sobre-o-neo-liberalismo?quicktabs_5=1

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  3. trecho da musica citada.

    (FAGNER- GUERREIRO MENINO)

    "...Guerreiros são pessoas
    São fortes, são frágeis
    Guerreiros são meninos
    No fundo do peito
    Precisam de um descanso
    Precisam de um remanso
    Precisam de um sonho
    Que os tornem perfeitos
    É triste ver este homem
    Guerreiro menino
    Com a barra de seu tempo
    Por sobre seus ombros
    Eu vejo que ele berra
    Eu vejo que ele sangra
    A dor que traz no peito
    Pois ama e ama
    Um homem se humilha
    Se castram seu sonho
    Seu sonho é sua vida
    E a vida é o trabalho
    E sem o seu trabalho
    Um homem não tem honra
    E sem a sua honra
    Se morre, se mata
    Não dá pra ser feliz
    Não dá pra ser feliz..."

    VALE A PENA OUVIR:
    http://www.radio.uol.com.br/musica/fagner/guerreiro-menino-um-homen-tambem-chora/11317

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  4. Faltam apenas 25 dias para fechar o primeiro semestre de 2010, isso é o que me falta para concluir o curso de artes visuais.
    Mas é preciso lutar, sou estudante e trabalhador e estou ao lado dos professores em greve, a greve é um direito Constitucional, salário é sobrevivência e não um mérito. Quem constrói a Unicastelo é um conjunto de pessoas que envolvem alunos, professores e todos os funcionários, muito bem lembrado a UNICASTELO é um patrimônio da comunidade de Itaquera e por isso é preciso ir a luta, estou sempre ao lado de quem luta.
    Prefiro terminar meu curso em dezembro ou sei lá quando, do que assistir meus professores retornarem da greve sem nenhuma conquista, SALÁRIO É SOBREVIVENCIA.

    A indiferença


    Primeiro levaram os comunistas,
    Mas eu não me importei
    Porque não era nada comigo.

    Em seguida levaram alguns operários,
    Mas a mim não me afectou
    Porque eu não sou operário.

    Depois prenderam os sindicalistas,
    Mas eu não me incomodei
    Porque nunca fui sindicalista.

    Logo a seguir chegou a vez
    De alguns padres, mas como
    Nunca fui religioso, também não liguei.

    Agora levaram-me a mim
    E quando percebi,
    Já era tarde.

    Bertolt Brecht

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  5. Parabéns!!! Quando estudei na Unicastelo há uns 4 anos atrás participei de uma greve, pois haviam mandado todos os professores embora, fiquei indignada, fui para a rua com os alunos, e conseguimos nossos professores e seus salários de volta!!! Desejo que essa luta não seja em vão, e que esse momento sirva de lição para os analfabetos políticos, para todos que irão se beneficiar com a luta de vocês...
    Abraço, força...e essa luta continua sendo "nossa"
    Lilian

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