sábado, 25 de fevereiro de 2012

Por motivos de conhecimento público, divulgamos aqui uma carta que não pôde ser lida na ocasião adequada.


São Paulo, 08 de fevereiro de 2012.


Carta aos professores da Unicastelo


Caros professores,

Como muitas vezes nos últimos anos, pedimos, mais uma vez, a palavra na assembleia. E a pedimos não para lamentar a nossa demissão, mas para refletir sobre os rumos da luta dos professores e, com ela, da própria instituição.
Nos últimos anos, nossa categoria tem sofrido um violento ataque em diversas empresas educacionais. Nossas condições de trabalho e o salário têm declinado de modo abrupto. Muitas empresas têm sucumbido e muitos professores têm sido demitidos. Há muito sabíamos disso, por isso sempre atuamos na luta sindical da Unicastelo ou junto ao Sinpro. Dizemos isso porque, antes de sermos professores da Unicastelo, somos professores. E não somente por vocação, mas também por necessidade – somos, acima de tudo, trabalhadores.
Na Unicastelo, enquanto foi possível, ajudamos, no seio das miseráveis contradições cotidianas, a construir um curso de Pedagogia que, além de primar pela formação técnica, destacou-se pela humanística. Por isto, valeu a pena! Ao contrário de alguns, não amamos a Unicastelo, nem professores e nem os alunos, mas tínhamos compromisso profissional e humano com todos. Nossa luta nunca foi, e não é, para que a universidade sucumba; ao contrário, almejamos que ela cresça e atenda demandas laborativas, estudantis e da comunidade, mas jamais compactuamos que isso seja feito à custa das condições de trabalho e vida dos professores. Este, infelizmente, não foi o caminho escolhido pelo CTCE e pela reitoria, que pretendem reerguê-la contra, e não com, professores e funcionários. Daí a luta!
Soltamos nossa voz e, por meio dela e de nossas ações, expressamos nossa indignação porque, para infelicidade de nossos algozes, não aprendemos a silenciar sobre a opressão. De fato, com a demissão sumária dos que falam o que ele não quer ouvir, o reitor tentou nos calar, mas, como estão ouvindo [ou, agora, lendo], não conseguiu. Se sua ação não condiz com seu discurso, nós, para sua desventura, aprendemos a manter coerência entre discurso e ação.
Gostaríamos, ainda, de lembrar a todos que não nutrimos o sentimento de despeito e de vingança semelhante ao do amante em relação ao amor não correspondido (não há amor aqui!). Nossas ações não são de retaliação, mas as de trabalhadores que, coerentes com sua história de lutas contra o desrespeito e a opressão, têm seus direitos violentados. Por isso, enquanto nos desrespeitarem, a luta segue – aqui e onde estivermos.
Por fim, se, como diz Thomas Paine, “o tempo faz mais convertidos do que a razão”, desejamos a todos força para que, em dias sombrios como os nossos, jamais deixem o tempo convertê-los à acomodação e à desesperança, mas que o sobrepujem com as luzes emancipatórias da razão.

Saudações,

Professores doutores Antonio Zilmar e Ronaldo Gaspar.

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