Em consonância com sua política de cerceamento
de vozes, repressão aos professores lutadores e policiamento ditatorial que
tomou conta da Universidade, a reitoria deu mais um passo na direção da
destruição do curso de Pedagogia: acaba de demitir sua coordenadora, Profª
Tânia, e mais três professores, André, Patrícia e Silvana.
Como
tem sido recorrente nos últimos meses, os dirigentes da Unicastelo demonstraram
novamente seu total descaso com a qualidade da educação. Para eles, a educação
não só é uma mercadoria, mas uma mercadoria que tem que ser muito lucrativa.
Não basta explorar funcionários e professores – o que todo capitalista faz –,
tem que extorqui-los, extrair ao máximo seu trabalho excedente. Não lhes basta atuar
nos parâmetros legais – que já são desfavoráveis ao trabalhador –, têm que
usufruir também da ilegalidade, sonegando impostos, atrasando salários e
rescisões, não depositando FGTS, enfim, promovendo um relicário incontável de opressão,
desrespeito e ilícitos. Obviamente que isso somente se faz descendo ao submundo
da moralidade; por isso que seus magnificentes responsáveis nem ao menos se
apresentam para o cometimento dos atos deploráveis – mandam seus mais próximos subalternos.
Para
todo indivíduo que tem a mínima compreensão das coisas, os atos cometidos nesse
período escancaram de vez como o único compromisso desses dirigentes é com o
lucro. Para a implantação de um degradante plano de carreira, que reduz
drasticamente os salários dos professores, eles demitiram inicialmente os
docentes que atuavam na organização sindical e constituíam a vanguarda da luta
sindical; orquestraram um teatro de horrores (de legalidade mais do que duvidoso)
numa assembleia dos professores, afirmando que, com isso, destituíram os
representantes sindicais; estão demitindo os coordenadores e professores que continuam
a rejeitar que seus salários sejam rebaixados e suas condições de trabalho
aviltadas. Ou seja, em sua sanha repressiva e lucrativa, estão punindo todos os
coordenadores e professores comprometidos com uma educação de qualidade, muitos
dos quais construíram alguns dos melhores cursos da universidade. No caso específico
do curso de Pedagogia, resultado de anos de trabalho intenso da coordenadora e de
um corpo docente coeso e de elevada formação política e moral, eles destruíram
o NDE (Núcleo Docente Estruturante), foram minando as condições de trabalho da
coordenação e, tomando como referência dezembro de 2011, demitiram quase 70%
dos professores da raiz do curso. Cada vez mais, portanto, reitoria e
mantenedora reafirmam que não querem professores que ergam a cabeça e lutem
pelos seus próprios direitos; ao contrário, querem que o reino da hipocrisia e
da subserviência – que, diga-se, de alto a baixo, já grassa pela universidade –
seja predominante também na sala de aula. Querem professores que sejam “críticos”
e que tratem de cidadania ante os alunos sem que, no entanto, tenham ao menos coragem
e direito de fazê-lo em seu próprio local de trabalho – isto é, para defender seus
direitos cotidianamente pisoteados.
Talvez,
eles pensem que os alunos do curso de Pedagogia não têm formação suficiente
para saber que um curso de qualidade é o resultado de anos e anos de discussão,
entrosamento e afinidade entre os docentes. E mais, também pensam que eles não têm
discernimento crítico para saber que seus interesses estão sendo diretamente
violentados, tendo em vista que os cursos que passam por processos de desmantelamento
adentram, inequivocamente, em franco processo de decadência no tocante à
qualidade de ensino. E pior, tudo indica que acreditam que, além de não saberem
defender seus próprios direitos – seja como seres humanos ou mesmo como
clientes de uma empresa que vende um produto e, logo a seguir, são lesados –,
os alunos são suficientemente desorganizados e/ou passivos para que eles (tais
dirigentes) saiam incólumes de tudo isso. Esquecem que os nossos alunos são
futuros professores e, portanto, apoiar a luta de seus professores atuais é,
também, lutar pelos seus próprios direitos. E mais, que o poder dos alunos está
na mensalidade que pagam e na possibilidade de pedir transferência para outras
instituições, inclusive negociando mensalidades menores, melhores condições de
ensino e de infraestrutura.
Ronaldo
Gaspar.
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