quinta-feira, 8 de março de 2012

A QUALIDADE DA EDUCAÇÃO NA UNICASTELO CAMINHA A PASSOS LARGOS PARA A RUÍNA




      Em consonância com sua política de cerceamento de vozes, repressão aos professores lutadores e policiamento ditatorial que tomou conta da Universidade, a reitoria deu mais um passo na direção da destruição do curso de Pedagogia: acaba de demitir sua coordenadora, Profª Tânia, e mais três professores, André, Patrícia e Silvana.
Como tem sido recorrente nos últimos meses, os dirigentes da Unicastelo demonstraram novamente seu total descaso com a qualidade da educação. Para eles, a educação não só é uma mercadoria, mas uma mercadoria que tem que ser muito lucrativa. Não basta explorar funcionários e professores – o que todo capitalista faz –, tem que extorqui-los, extrair ao máximo seu trabalho excedente. Não lhes basta atuar nos parâmetros legais – que já são desfavoráveis ao trabalhador –, têm que usufruir também da ilegalidade, sonegando impostos, atrasando salários e rescisões, não depositando FGTS, enfim, promovendo um relicário incontável de opressão, desrespeito e ilícitos. Obviamente que isso somente se faz descendo ao submundo da moralidade; por isso que seus magnificentes responsáveis nem ao menos se apresentam para o cometimento dos atos deploráveis – mandam seus mais próximos subalternos.
Para todo indivíduo que tem a mínima compreensão das coisas, os atos cometidos nesse período escancaram de vez como o único compromisso desses dirigentes é com o lucro. Para a implantação de um degradante plano de carreira, que reduz drasticamente os salários dos professores, eles demitiram inicialmente os docentes que atuavam na organização sindical e constituíam a vanguarda da luta sindical; orquestraram um teatro de horrores (de legalidade mais do que duvidoso) numa assembleia dos professores, afirmando que, com isso, destituíram os representantes sindicais; estão demitindo os coordenadores e professores que continuam a rejeitar que seus salários sejam rebaixados e suas condições de trabalho aviltadas. Ou seja, em sua sanha repressiva e lucrativa, estão punindo todos os coordenadores e professores comprometidos com uma educação de qualidade, muitos dos quais construíram alguns dos melhores cursos da universidade. No caso específico do curso de Pedagogia, resultado de anos de trabalho intenso da coordenadora e de um corpo docente coeso e de elevada formação política e moral, eles destruíram o NDE (Núcleo Docente Estruturante), foram minando as condições de trabalho da coordenação e, tomando como referência dezembro de 2011, demitiram quase 70% dos professores da raiz do curso. Cada vez mais, portanto, reitoria e mantenedora reafirmam que não querem professores que ergam a cabeça e lutem pelos seus próprios direitos; ao contrário, querem que o reino da hipocrisia e da subserviência – que, diga-se, de alto a baixo, já grassa pela universidade – seja predominante também na sala de aula. Querem professores que sejam “críticos” e que tratem de cidadania ante os alunos sem que, no entanto, tenham ao menos coragem e direito de fazê-lo em seu próprio local de trabalho – isto é, para defender seus direitos cotidianamente pisoteados.
Talvez, eles pensem que os alunos do curso de Pedagogia não têm formação suficiente para saber que um curso de qualidade é o resultado de anos e anos de discussão, entrosamento e afinidade entre os docentes. E mais, também pensam que eles não têm discernimento crítico para saber que seus interesses estão sendo diretamente violentados, tendo em vista que os cursos que passam por processos de desmantelamento adentram, inequivocamente, em franco processo de decadência no tocante à qualidade de ensino. E pior, tudo indica que acreditam que, além de não saberem defender seus próprios direitos – seja como seres humanos ou mesmo como clientes de uma empresa que vende um produto e, logo a seguir, são lesados –, os alunos são suficientemente desorganizados e/ou passivos para que eles (tais dirigentes) saiam incólumes de tudo isso. Esquecem que os nossos alunos são futuros professores e, portanto, apoiar a luta de seus professores atuais é, também, lutar pelos seus próprios direitos. E mais, que o poder dos alunos está na mensalidade que pagam e na possibilidade de pedir transferência para outras instituições, inclusive negociando mensalidades menores, melhores condições de ensino e de infraestrutura.

Ronaldo Gaspar.

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